Em cada poema tropeçamos, pelo menos, numa pedra.
Também as pedras, à semelhança das palavras, constroem muros e pontes, embelezam, elevam, enlevam ou, discretamente, transmutam...
Aqui respiram e suspiram as pedras, companheiras de todos nós: dos esotéricos, dos estetas e dos céticos.
Seremos nós que as escolhemos ou serão elas que nos acolhem a nós, incondicionalmente, na sua aparente quietude?
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Colar de Seixos
(foto de *Suzanna* 05-11-07)
Os seixos rolados da minha praia
Polidos por abraços sucessivos
Roubam-me a saia e a mágoa
Cativa de pedra e d'água
Sucumbo à dança da espuma
E ali me deixo ficar
Alguém que os queira furar?
Que eu deles faria um colar…
Um colar de seixos
Temperados
Por essa água salgada do tempo
Esse grande contratempo
Que me envolve, perfuma
E em mim se avoluma
Para ali se consumar
Um seixo
Um beijo
Outro beijo sem seixo
Um seixo para o beijo afagar
Outro beijo que eu deixo
E mais um seixo para eu beijar
Um colar de seixos
De seixos e de beijos
Para o peso me lembrar
Que também eu sou uma pedra
Que se pode amaciar…
Suzanna
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