Em cada poema tropeçamos, pelo menos, numa pedra.
Também as pedras, à semelhança das palavras, constroem muros e pontes, embelezam, elevam, enlevam ou, discretamente, transmutam...
Aqui respiram e suspiram as pedras, companheiras de todos nós: dos esotéricos, dos estetas e dos céticos.
Seremos nós que as escolhemos ou serão elas que nos acolhem a nós, incondicionalmente, na sua aparente quietude?
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Transmutação na Dor
(Pregadeira/ medalhão: Transmutação na Dor)
Pedras são como Palavras
Pedras são como palavras
Ora soltas, ora em penedo
Sem medo, devagar, cinzeladas no tempo
Duro e imenso
O puro denso
Que ouso no peito
Com respeito, mas sem pudor
Silencioso como uma flor
Constrói em mim,
Quieto,
O movimento perpétuo do devir
Do que foi e do que há-de vir
Palavra a palavra
Pedra a pedra
Nem sempre entendo o seu intento
Mas são pacientes,
As palavras-pedra
As pedras-palavra
Lavrando-se em mim
Erguendo-se à minha volta
Ornamentando-me, livre, solta
Inteiras ou estilhaçadas
Geóde ou areia fina,
Gravadas por mim, tantas vezes, sem que saiba
Encrostadas em mim em silêncio
Cúmplices de sina
Ponho-as a beber da Lua, do Sol e das estrelas
Para depois mergulhar nelas
E com elas ser una
Dourada, branca, de todas as cores
Muro ou colar
Arremesso ou alicerce
Se ao menos eu soubesse
Esta pedra sem palavras que sou
Talvez quisesse ser a primeira pedra
Desse templo para onde vou…
Suzanna
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