Num sábado de oração na Sinagoga grande, o rabino disse
«O milagre não é uma laranja tornar-se cúbica, o milagre é as laranjas já serem esféricas»
Nada era melhor do que aquela pedra.
Algumas horas. Devia fazer isso com todas as coisas.
Às vezes não é preciso tanto tempo, 12 minutos a olhar para um semáforo avariado e torto e já nada é mais bonito do que um semáforo a cair!
A cidade está cheia de medo.
Nestes dias antes da tua morte, a cidade ficou cheia de medo de nós.
Os muros pareciam precisar de ajuda
Os prédios não conseguiam suportar mais os seus habitantes.
Fez-se um silêncio pleno …
Um silêncio Grande,
Como quando dez mil camiões buzinam ao mesmo tempo.
Tanta calma … Percebemos logo Tudo.
Aprender num dia mais do que no anterior
Como a minha mãe me disse, ou foi o meu filho?
O tumor está a alastrar-se a toda a cabeça! – Gritou alguém ao megafone.
Cassandra!
Está tudo a correr bem!
As laranjas são redondas ainda. Tudo é tão leve…
Queria tanto beber do teu leite.
Tu empurravas-me a cabeça e rias-te.
Acendias um cigarro.
O teu corpo era a minha casa.
Quero abraçar todos os homens e mulheres.
O Abraço supremo que abarca toda a humanidade com os braços grandes de uma mãe.
Os cantores de que tu gostavas estão agora mais vivos.
As canções na rádio sabem a leite estragado.
Calma, foi apenas o fim do mundo.
Tudo o resto continua……….
O carro funerário ia muito devagar
Foi tudo tão alegre … Uma alegria Aguda
Que entrava dentro de nós
Como uma viga de ferro a cair-nos na cabeça
Uma felicidade sufocante que ecoava pelo Universo naquele sábado de sol
Cassandra
Só um som ou uma ideia
Só uma PALAVRA
Nuno Brito
Em cada poema tropeçamos, pelo menos, numa pedra.
Também as pedras, à semelhança das palavras, constroem muros e pontes, embelezam, elevam, enlevam ou, discretamente, transmutam...
Aqui respiram e suspiram as pedras, companheiras de todos nós: dos esotéricos, dos estetas e dos céticos.
Seremos nós que as escolhemos ou serão elas que nos acolhem a nós, incondicionalmente, na sua aparente quietude?
domingo, 12 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Para sempre
Reformulo a sentença de antónio lobo:
eu hei-de amar o sítio de onde saiu esta pedra
Ao trespassar uma igreja da raia o calcário adverte:
paraíso para sempre, inferno para sempre
e só a palavra paraíso me assusta
Tu assustas-me
Nem precisamos de cambiar a paisagem
para imaginar que as nossas pernas se movem e
somos perfeitos como Michael e Apollonia
Luís Brito Pedroso
eu hei-de amar o sítio de onde saiu esta pedra
Ao trespassar uma igreja da raia o calcário adverte:
paraíso para sempre, inferno para sempre
e só a palavra paraíso me assusta
Tu assustas-me
Nem precisamos de cambiar a paisagem
para imaginar que as nossas pernas se movem e
somos perfeitos como Michael e Apollonia
Luís Brito Pedroso
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