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sábado, 26 de dezembro de 2009

Sem Título

Simon est mort
Simon está muerto
Simon is dead

e não terá sido inédito: leucemia rimou com pneumonia
enquanto ele ia; todavia, não devia
porque a saudade da companhia certa faz, por vezes, tocar à campainha errada
e parecem meras letras escritas em cima da cabeça,
porém é essa a ilusão

e os corrompidos até poderão esfregar as mãos pelo seu pretenso silêncio
e o cabelo dela ainda ondular no ar depois desse gesto hierático
– como um berilo
e até o teclado apoderar-se do pó e da cinza,
mas é a saga da ilusão
porque os corrompidos não entenderam que o seu rouge é de longa duração
(como as pilhas de alguns gatos)
assim como não compreenderam que
a liberdade foi a prenda que ele se ofereceu neste Natal
e a ela
uma liberdade por embrulhar
por ser [demasiado exacta]
daquelas que aliciam a continuar jornadas
(na sua pretensa ausência)
para que ela acreditasse na presença deles
e na nossa
bem como nestas palavras

: que ele sempre soube que ninguém precisava de ninguém para se proteger,
mas havia palavras por dizer que foram ditas
– como águas-marinhas
palavras que fizeram vidas
e mais palavras que atestaram outras
que irão continuar
e agora
Simão morreu,
mas não é a morte:
“é a vida!”
e a vida não é [Coisa] para chorar



Suzana Guimaraens

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Paradoxo II





Pára com as palavras
odes ao nada
fortaleza de areia
canto de sereia
lirismo de vento
promessa de sustento
diagnósticos quixotescos
de cenários dantescos
esquizofrenias esquisotéricas
em telas etéricas.

Pára.

Traz-me, antes,
um fim para as amnésias
num canteiro de frésias
um pincel por estrear
um motivo para brindar
uma chave secreta
um fado que aquieta
uma maçã já trincada
uma pedra entre nós polida
uma ruga lambida
uma madeixa beijada
um excerto de vida
numa tarde abraçada


E pára!
Pára com as palavras
para seres
o Verbo.


Suzana Guimaraens