sábado, 26 de dezembro de 2009

Sem Título

Simon est mort
Simon está muerto
Simon is dead

e não terá sido inédito: leucemia rimou com pneumonia
enquanto ele ia; todavia, não devia
porque a saudade da companhia certa faz, por vezes, tocar à campainha errada
e parecem meras letras escritas em cima da cabeça,
porém é essa a ilusão

e os corrompidos até poderão esfregar as mãos pelo seu pretenso silêncio
e o cabelo dela ainda ondular no ar depois desse gesto hierático
– como um berilo
e até o teclado apoderar-se do pó e da cinza,
mas é a saga da ilusão
porque os corrompidos não entenderam que o seu rouge é de longa duração
(como as pilhas de alguns gatos)
assim como não compreenderam que
a liberdade foi a prenda que ele se ofereceu neste Natal
e a ela
uma liberdade por embrulhar
por ser [demasiado exacta]
daquelas que aliciam a continuar jornadas
(na sua pretensa ausência)
para que ela acreditasse na presença deles
e na nossa
bem como nestas palavras

: que ele sempre soube que ninguém precisava de ninguém para se proteger,
mas havia palavras por dizer que foram ditas
– como águas-marinhas
palavras que fizeram vidas
e mais palavras que atestaram outras
que irão continuar
e agora
Simão morreu,
mas não é a morte:
“é a vida!”
e a vida não é [Coisa] para chorar



Suzana Guimaraens

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