Mostrar mensagens com a etiqueta Colares. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Colares. Mostrar todas as mensagens

sábado, 25 de outubro de 2008

"más que un pedazo"





















Para ti nunca fui más que un pedazo
de mármol. Esculpiste en él mi cuerpo,
un cuerpo de mujer blanco y hermoso,
en el que nunca viste más que piedra
y el orgullo, eso sí, de tu trabajo.
jamás imaginaste que te amaba
y que me estremecía cuando, dulce,
moldeabas mis senos y mis hombros,
o alisabas mis muslos y mi vientre.
Hoy estoy en un parque, donde sufro
los rigores del frío en el invierno,
y en verano me abraso de tal modo
que ni siquiera los gorriones vienen
a posarse en mis manos porque queman.
Pero, de todo, lo que más me duele
es bajar la cabeza y ver la placa:
«Desnudo de mujer», como otras muchas.
Ni de ponerme un nombre te acordaste.


Amalia Bautista

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Amore Multicolore


(Pérola, Pedra-do-Sol, Opalite, Jaspe Dálmata, Olho-de-gato, Amazonite, Ágata, Ametista e Quartzo Rosa)

Que ofício debruçado: polir a jóia extenuante,
multiplicar o mundo face
mais face.
Fazer da imagem uma consciência vária.
O fogo dessa pedra cada vez mais
alerta, preciosa, convulsa, funda, abrasadora.
Trabalhas nela até às unhas.
Trabalhas na atenção aterrada, com que louvor
de obra, irrealmente. As estações da noite, os sistemas
nervosos das avencas do alto,
as plumagens.
E os dias compactos como o leite
guardado nos jarros, ou largos
das sedas estendidas. Passam
unidos todos uns aos outros
nos cotovelos. E lapidas, lapidas. Arrancas-lhe a força
eléctrica. Que a ti mesmo,
nas mãos e na cabeça, no escuro, no levantamento
do ar no sono, te faz desentranhadamente
límpido. O relâmpago
do âmago. Queima-te a vista. E na cegueira fica apenas,
atroz,
o coração da jóia.



Herberto Helder

Outono em Nós


(Olho-de-boi, Olho-de-tigre, Citrino e Cornalina)

Devaneio Neptuniano


(Madre-pérola e Pérola)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Paradoxo II





Pára com as palavras
odes ao nada
fortaleza de areia
canto de sereia
lirismo de vento
promessa de sustento
diagnósticos quixotescos
de cenários dantescos
esquizofrenias esquisotéricas
em telas etéricas.

Pára.

Traz-me, antes,
um fim para as amnésias
num canteiro de frésias
um pincel por estrear
um motivo para brindar
uma chave secreta
um fado que aquieta
uma maçã já trincada
uma pedra entre nós polida
uma ruga lambida
uma madeixa beijada
um excerto de vida
numa tarde abraçada


E pára!
Pára com as palavras
para seres
o Verbo.


Suzana Guimaraens