Em cada poema tropeçamos, pelo menos, numa pedra.
Também as pedras, à semelhança das palavras, constroem muros e pontes, embelezam, elevam, enlevam ou, discretamente, transmutam...
Aqui respiram e suspiram as pedras, companheiras de todos nós: dos esotéricos, dos estetas e dos céticos.
Seremos nós que as escolhemos ou serão elas que nos acolhem a nós, incondicionalmente, na sua aparente quietude?
Vaguearam no cosmos, sem conhecer o destino, o que é uma maneira de andar perdido, não eram ainda nem pedras nem nada e podiam ser tudo. Esperaram pacientemente uma eternidade, foram-se aconchegando uns aos outros, formaram uma estrela e geraram-se germes de pedras, ainda - e germes de coisas outras - porém já mais próximos das pedras que viriam ser, mas sem saber que o que seriam, o que seriam e um parto violento, abrasador, gigantesco, disseminou-os mais uma vez no caos celeste. Outra eternidade transcorreu enquanto calhaus informes e poeiras finas se foram juntando aqui neste ponto minúsculo das coordenadas cósmicas onde estamos nós. E sofreram mais dores, afundaram-se as partes, calcou-as o portento de forças que estavam sobre e sob, cozeu-as o fogo ígneo das entranhas e outra eternidade passou até que, já feitas, brilhantes e belas se revelaram aos olhos da gente, que foram o que elas foram no princípio, e estão aí as tuas mãos hábeis a encadear os suspiros das eternidades em suspiros breves e ternos, eternos no limite do tempo suspiro que é a nossa eternidade. Já me assombra tamanho milagre, já me espanta tão grande mistério!
…… DOS ESTETAS E DOS CÉPTICOS
ResponderEliminarAS PEDRAS SÃO SUSPIROS DAS ETERNIDADES
Vaguearam no cosmos, sem conhecer o destino, o que é uma maneira de andar perdido, não eram ainda nem pedras nem nada e podiam ser tudo.
Esperaram pacientemente uma eternidade, foram-se aconchegando uns aos outros, formaram uma estrela e geraram-se germes de pedras, ainda - e germes de coisas outras - porém já mais próximos das pedras que viriam ser, mas sem saber que o que seriam, o que seriam e um parto violento, abrasador, gigantesco, disseminou-os mais uma vez no caos celeste.
Outra eternidade transcorreu enquanto calhaus informes e poeiras finas se foram juntando aqui neste ponto minúsculo das coordenadas cósmicas onde estamos nós. E sofreram mais dores, afundaram-se as partes, calcou-as o portento de forças que estavam sobre e sob, cozeu-as o fogo ígneo das entranhas e outra eternidade passou até que, já feitas, brilhantes e belas se revelaram aos olhos da gente, que foram o que elas foram no princípio, e estão aí as tuas mãos hábeis a encadear os suspiros das eternidades em suspiros breves e ternos, eternos no limite do tempo suspiro que é a nossa eternidade.
Já me assombra tamanho milagre, já me espanta tão grande mistério!