Simon est mort
Simon está muerto
Simon is dead
e não terá sido inédito: leucemia rimou com pneumonia
enquanto ele ia; todavia, não devia
porque a saudade da companhia certa faz, por vezes, tocar à campainha errada
e parecem meras letras escritas em cima da cabeça,
porém é essa a ilusão
e os corrompidos até poderão esfregar as mãos pelo seu pretenso silêncio
e o cabelo dela ainda ondular no ar depois desse gesto hierático
– como um berilo –
e até o teclado apoderar-se do pó e da cinza,
mas é a saga da ilusão
porque os corrompidos não entenderam que o seu rouge é de longa duração
(como as pilhas de alguns gatos)
assim como não compreenderam que
a liberdade foi a prenda que ele se ofereceu neste Natal
e a ela
uma liberdade por embrulhar
por ser [demasiado exacta]
daquelas que aliciam a continuar jornadas
(na sua pretensa ausência)
para que ela acreditasse na presença deles
e na nossa
bem como nestas palavras
: que ele sempre soube que ninguém precisava de ninguém para se proteger,
mas havia palavras por dizer que foram ditas
– como águas-marinhas –
palavras que fizeram vidas
e mais palavras que atestaram outras
que irão continuar
e agora
Simão morreu,
mas não é a morte:
“é a vida!”
e a vida não é [Coisa] para chorar
Suzana Guimaraens
Em cada poema tropeçamos, pelo menos, numa pedra.
Também as pedras, à semelhança das palavras, constroem muros e pontes, embelezam, elevam, enlevam ou, discretamente, transmutam...
Aqui respiram e suspiram as pedras, companheiras de todos nós: dos esotéricos, dos estetas e dos céticos.
Seremos nós que as escolhemos ou serão elas que nos acolhem a nós, incondicionalmente, na sua aparente quietude?
sábado, 26 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Litomorfose
Deu agora em praticar a desobediência
ante a vontade
tanta
minha.
Cérebro comandante
é ninguém nem nada superior
a exercer poderes vãos.
—Come! —ordena.
O tal como se chovesse,
insubmisso,
águas que lavam lágrimas.
E chove.
Nem suplicando cede.
Está que nem pedra surda e cega,
petar que não comove,
este estômago.
Como se não bastasse
a presença pesada no peito
de latejar manso, lento?
Se calhar é um processo involutivo,
invasivo.
Quem sabe
não vire aos poucos
o sal diluído estátua
e eu seja afinal
a mulher com nome dum outro Ló,
ancorada no passado,
lume e enxofre na olhada,
pés de barro?
Sun lou Miou
ante a vontade
tanta
minha.
Cérebro comandante
é ninguém nem nada superior
a exercer poderes vãos.
—Come! —ordena.
O tal como se chovesse,
insubmisso,
águas que lavam lágrimas.
E chove.
Nem suplicando cede.
Está que nem pedra surda e cega,
petar que não comove,
este estômago.
Como se não bastasse
a presença pesada no peito
de latejar manso, lento?
Se calhar é um processo involutivo,
invasivo.
Quem sabe
não vire aos poucos
o sal diluído estátua
e eu seja afinal
a mulher com nome dum outro Ló,
ancorada no passado,
lume e enxofre na olhada,
pés de barro?
Sun lou Miou
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
O Indescritível
1.
Por trás do brilho da pedra - a luz do inexorável -
O alto da montanha - o ilimitado - que a céu aberto se perfilha -
A neve espessa - que assoma na retina - indescritível -
Sobre a nuvem - o musgo - uma cabra - reflectida -
2.
No abismo - de mansinho roçando - eu vi-te - em fuga - junto à lâmpada imóvel -
Pelo desfiladeiro - o azul do aéreo - na despercebida encosta - do exausto -
Alexandre Teixeira Mendes
Por trás do brilho da pedra - a luz do inexorável -
O alto da montanha - o ilimitado - que a céu aberto se perfilha -
A neve espessa - que assoma na retina - indescritível -
Sobre a nuvem - o musgo - uma cabra - reflectida -
2.
No abismo - de mansinho roçando - eu vi-te - em fuga - junto à lâmpada imóvel -
Pelo desfiladeiro - o azul do aéreo - na despercebida encosta - do exausto -
Alexandre Teixeira Mendes
Etiquetas:
Alexandre Teixeira Mendes,
Poesia
Subscrever:
Mensagens (Atom)